Por Marcelo Dunlop
“Alô, pandeiro, rufla essas dez platinelas
E diz a elas que o nosso samba não mudou.
Esta levada vem de João da Baiana
Era bem mais africana
E Ovídio Brito amaciou...”
(Pandeiro – Zé Renato & Nei Lopes)
Poucos artistas podem tirar a onda de ser um dos ídolos de Nei Lopes, o grande compositor. Pois Ovídio de Moreira Brito (1945-2010) era. E era também de Martinho da Vila, Arlindo Cruz, Moacyr Luz, Beth Carvalho e tantos outros. Esse "garoto de 65 anos", como o jornalista Marcos Salles o definiu, morreu no Dia dos Músicos, ontem, num acidente de carro. Dirigia sozinho, perto do aeroporto Santos Dumont. Voltava de um show consagrador no Clube Renascença, noite de estreia de sua nova roda de samba, após lançar recentemente um disco também consagrador, com músicas do amigo Martinho. Ficou numa mureta. Percussionista completo, até na hora de se despedir preferiu morrer batendo, bem humorado que era, sempre com uma gargalhada engatilhada.
“Alô, pandeiro, rufla essas dez platinelas
E diz a elas que o nosso samba não mudou.
Esta levada vem de João da Baiana
Era bem mais africana
E Ovídio Brito amaciou...”
(Pandeiro – Zé Renato & Nei Lopes)
Poucos artistas podem tirar a onda de ser um dos ídolos de Nei Lopes, o grande compositor. Pois Ovídio de Moreira Brito (1945-2010) era. E era também de Martinho da Vila, Arlindo Cruz, Moacyr Luz, Beth Carvalho e tantos outros. Esse "garoto de 65 anos", como o jornalista Marcos Salles o definiu, morreu no Dia dos Músicos, ontem, num acidente de carro. Dirigia sozinho, perto do aeroporto Santos Dumont. Voltava de um show consagrador no Clube Renascença, noite de estreia de sua nova roda de samba, após lançar recentemente um disco também consagrador, com músicas do amigo Martinho. Ficou numa mureta. Percussionista completo, até na hora de se despedir preferiu morrer batendo, bem humorado que era, sempre com uma gargalhada engatilhada.
Ovídio festejava, em 2010, 50 anos de samba. Além das incontáveis gravações e turnês (com seu grupo Toque de Prima, com João Nogueira, com Marisa Monte, com Tim Maia), Ovídio ficou eternizado em algumas letras, como na música de Nei Lopes e Zé Renato, acima, ou no verso de Nei em "Tempo de Don-Don" no CD "De letra e música". "Naquele tempo bonito, em que Ovídio Brito ainda era guri...", cantou o próprio Ovídio, no disco.
O guri que cresceu com o samba e jamais perdeu a jovialidade tinha história. Nasceu no Leblon, na Favela do Pinto, sobreviveu ao incêndio na área, e morou na Selva de Pedra. Atento ao som que rolava na birosca de seu pai, Manoel Dentinho, no Leblon, começou a aprender com seus mestres. Zé Campista, do Leblon, foi o primeiro. Depois, Seu Germano e Mestre Marçal, assumidamente sua maior referência. Foi passista, presidente de escola de samba (a Independente de Cordovil), capa de revista, e tocou com meio mundo da música brasileira enquanto girava o planeta tocando sua cuíca, seu pandeiro e seu tamborim.
O mestre da percussão abrilhantou os ensaios do Spanta em diversas ocasiões, com o grupo Toque de Prima. Ovídio Brito deixa oito filhos, entre eles Ovídio Filho, da banda de nossa madrinha Mart'nália. Nas feijoadas anuais promovidas por conta de seu aniversário, os amigos acostumaram-se a cantar o samba biográfico feito para o mestre, ainda inédito.
"Você conhece
Ovídio Moreira Brito
Que morou na Praia do Pinto
Na Cidade Alta, hoje mora em Vila Isabel (Em Vila Isabel)
Berço do samba, terra de Noel...
Para esse sambista
Você tem que tirar o chapéu"
Discografia básica:
(2008) Ovídio Brito – Viajando com Martinho • Zambo Records • CD
(2004) Toque de Prima – Daqui, dali e de lá • Fina Flor/Rob Digital • CD
(2001) Cláudio Jorge – Coisa de chefe • Carioca Discos/Rob Digital • CD
(2000) Nei Lopes – De letra & música • Velas • CD
(1999) Toque de Prima – Se tem que ser, será • Velas • CD
(1999) Vários – Um Natal de samba • Velas • CD
(1997) Toque de Prima • Velas • CD
(1993) Batacotô . Velas . CD
(1985) Almir Guineto - Sorriso Novo . RGE . LP
ótimo texto,maravilha de informações,fiquei até emocionada!
ResponderExcluir